“A infância precisa de verdade, de adultos que não fingem ter todas as respostas, mas que têm coragem de perguntar junto”, reflete educador

“Mediar não é ditar regras o tempo todo. Mediar é criar espaços para que a criança pense, pergunte, tente e erre sem medo. É ser um porto seguro, não uma prisão”, reflete o educador Marcelo Cunha Bueno, colunista da CRESCER

O adulto que caminha ao lado de uma criança tem um papel que vai além do ensinar: ele media, observa, escuta e acolhe. Ele é ponte, é presença que dá segurança, mas também é vento que sopra, que instiga, que provoca. Ser um adulto mediador é entender que não somos donos do saber, mas parte do processo de descoberta. Não estamos aqui para apontar o caminho único, mas para abrir trilhas, iluminar possibilidades e sustentar os passos que hesitam.

A criança aprende na experiência, no encontro, na troca – e é no olhar atento do adulto que ela percebe que o mundo está disponível para ser explorado. Mas mediar não é sobre controlar, não é sobre ditar regras o tempo todo. Mediar é criar espaços para que a criança pense, pergunte, tente e erre sem medo. É ser um porto seguro, não uma prisão.

Educador reflete sobre o papel do adulto na vida de uma criança — Foto: Freepik
Educador reflete sobre o papel do adulto na vida de uma criança — Foto: Freepik

Mas há uma armadilha no caminho. Uma que sufoca, que pesa nos ombros de quem educa: a ideia da maternidade e da paternidade perfeitas. A pressão de performar um papel ideal, de nunca errar, de sempre saber o que fazer. Essa cobrança, que vem de fora e de dentro, impede o encontro verdadeiro entre adulto e criança. Quando nos preocupamos mais em parecer bons pais e boas mães do que em sermos adultos reais para nossos filhos, criamos relações rígidas, sem espaço para o erro, para a vulnerabilidade, para a verdade. E a infância precisa de verdade. Precisa de adultos que não fingem ter todas as respostas, mas que têm coragem de perguntar junto.

Uma criança cresce quando há um adulto real por perto. Um adulto que não se esconde atrás de máscaras de perfeição, que admite suas falhas, que se permite sentir e mostrar que sentir faz parte. Um adulto que não responde tudo, mas que pergunta junto.

No fim, ser um mediador consciente é estar presente de verdade. Não apenas com o corpo, mas com a alma. Com escuta, com entrega, com disponibilidade para ser parte da construção de um mundo onde a infância é respeitada, valorizada e livre para ser o que é: pura potência.

Fonte: https://revistacrescer.globo.com/colunistas/marcelo-cunha-bueno-chao-de-escola/coluna/2025/05/a-infancia-precisa-de-verdade-de-adultos-que-nao-fingem-ter-todas-as-respostas-mas-que-tem-coragem-de-perguntar-junto-reflete-educador.ghtml?utm_source=Porvir&utm_campaign=c963e49dc4-Newsletter_6.6.25_Outros&utm_medium=email&utm_term=0_9ba572b4f0-d0e842f5d2-273772202

18 de junho de 2025
“A infância precisa de verdade, de adultos que não fingem ter todas as respostas, mas que têm coragem de perguntar junto”, reflete educador
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