Laura Machado: educação profissional e tecnológica no ensino médio, empregabilidade e remuneração dos jovens

A educação profissional e tecnológica no ensino médio impacta a formação, empregabilidade e remuneração dos jovens?

Neste vídeo, a coordenadora do programa de pós-graduação em gestão pública no Insper, da Rede ciência pelo desenho de política educacional e do Núcleo de estudos sobre pessoas em situação de rua Laura Muller Machado explica como a educação profissional e tecnológica no ensino médio impacta a formação, empregabilidade e remuneração dos jovens.

“25% dos jovens brasileiros de 15 a 17 anos não vão concluir o ensino médio na idade correta. Desses 25%, metade deles, na verdade, não vai concluir a educação básica em absoluto. Isso é bem diferente do que pede a nossa constituição, que diz que a educação básica é obrigatória para todos, dos 4 aos 17 anos de idade. É uma porcentagem muito grande: 25% da nossa juventude não concluindo a educação básica como deveria. As causas desse problema público brasileiro são diversas. Uma das mais relevantes é a ausência de conexão, do ponto de vista do jovem, entre o ensino médio e a vida futura que ele vai ter. Por exemplo, a conexão entre o ensino médio e o mercado de trabalho”, disse.

“A título de exemplo, os países da OCDE como um todo, os alunos dos países da OCDE, 42% deles cursam, ao longo do ensino médio, uma formação técnica profissional. No Brasil, apenas 11% dos nossos alunos cursam algum tipo de curso profissional durante o ensino médio. Então, temos um espaço muito grande, considerando que estamos falando de apenas 11% dos alunos cursando um curso de educação técnica que vai facilitar a transição deles para o mercado de trabalho”, afirmou.

 

“Revisamos toda a literatura disponível a respeito do que sabemos para duas dimensões específicas sobre o ensino médio técnico profissional. Isso quer dizer que estudamos, lemos, 16 estudos que contemplam 76 estimativas no total, a respeito de duas dimensões. A primeira delas é a taxa de ocupação. Queremos saber se tudo que a literatura tem aponta no sentido de dizer que se um jovem fez a educação técnica, se ele vai ter uma probabilidade maior de estar ocupado. Isso quer dizer que ele vai passar períodos menores ao longo da sua vida produtiva sem trabalho. A gente estudou também qual a probabilidade desse jovem de ter uma remuneração maior. Ou seja, será que, ao cursar uma educação técnica profissional durante o ensino médio, o rendimento, a renda dessa pessoa no futuro vai ser maior? E o que a gente encontrou é que essas 76 estimativas apontam para duas coisas: A primeira é que um jovem que faz o ensino técnico durante o ensino médio vai ter 8% a mais de probabilidade de estar ocupado. Portanto, os jovens que fazem esse tipo de curso passarão menos tempo ao longo da sua vida sem trabalho. A gente encontrou também que os jovens que fazem educação técnica durante o ensino médio têm uma renda 18% maior ao longo da vida toda. Isso nos dá dois resultados: Isso quer dizer que ao cursar a educação técnica profissional durante o ensino médio, esse jovem tanto vai ficar menos período sem trabalho, quanto a renda desse trabalho vai ser maior. 8 pontos percentuais a mais de ocupação, de tempo ocupado, com 18% a mais de remuneração. Quando a gente calcula esses indicadores para o impacto na renda da vida toda, isso quer dizer que o jovem que faz um curso técnico durante o ensino médio, vai ter uma renda da vida toda de 32% maior, um terço maior do que caso ele não faça. Essas evidências corroboram para o benefício gigantesco da nossa juventude cursar um ensino técnico de nível médio”, afirmou.

“Precisamos pensar um sistema de oferta de educação técnica que os jovens se interessem por se matricular e se interessem em concluir essa educação técnica. 40% apenas de taxa de conclusão não é o suficiente para a gente chegar ao máximo de potencialidade de uma oferta como essa, que traz benefícios gigantescos para todos nós. Primeira recomendação para política pública seria pensar por que os jovens que se inscrevem, que se matriculam em cursos de educação técnica durante o ensino médio não estão concluindo. Será que esses cursos não são aderentes ao que eles gostariam de ter, será que existe algum tipo de oferta mais modular, onde os jovens façam um conjunto de créditos menor e não cursos mais extensos, de 360 ou 400 horas. Então, precisamos repensar essa oferta de tal forma que a gente não tenha uma taxa de desperdício de 60%, de evasão nesses cursos de educação técnica de 60%. O segundo item a se pensar é o quanto a gente não quer fazer a fluidez desse tipo de curso para outros cursos no futuro ser a máxima possível. Por exemplo, não parece ser uma boa ideia um jovem fazer um curso, por exemplo, de enfermagem e ali adquirir várias habilidades durante o ensino médio, e depois fazer uma faculdade técnica ou uma faculdade com bacharelado em enfermagem, e as habilidades que ele adquiriu no ensino médio não valerem nada nesse curso superior. Então, é necessário uma integração muita fluida de transição de um curso para outro. Tanto dentro do próprio ensino médio quanto do ensino médio para o ensino superior. A saída para isso é ter ofertas de cursos modulares. Modulares e com validação de créditos na transição de um modelo de oferta para o outro. Essas são as principais conclusões do estudo”, disse

Link para matéria: https://pp.nexojornal.com.br/pergunte-a-um-pesquisador/2024/03/04/laura-machado-educacao-profissional-e-tecnologica-no-ensino-medio-empregabilidade-e-remuneracao-dos-jovens?utm_medium=email&utm_campaign=Seleo%20da%20semana%20183&utm_content=Seleo%20da%20semana%20183+CID_0042b505f00319318513d7797824c18d&utm_source=Email%20CM
© 2024 | Todos os direitos deste material são reservados ao NEXO JORNAL LTDA., conforme a Lei nº 9.610/98. A sua publicação, redistribuição, transmissão e reescrita sem autorização prévia é proibida.

4 de abril de 2024
Laura Machado: educação profissional e tecnológica no ensino médio, empregabilidade e remuneração dos jovens
WhatsApp