O professor brinca e pergunta para o chatbot como ele vê a questão da principal preocupação dos acadêmicos com o chat. O próprio ChatGPT pontua cinco questões: a primeira seria a existência de um viés, mediado pelos algoritmos, que pode reproduzir preconceitos; a segunda, ética, do ponto de vista de como o chat seria utilizado; a terceira, sobre a privacidade, já que ele funciona com o uso de diversos dados; a quarta, seria a do controle, pois ele é imprevisível e se deve prezar pelo bem-estar das pessoas; quinto, a transparência de como essa ferramenta funciona.
Porém, o especialista não segue a linha de raciocínio dessa inteligência artificial: “Eu vou por outro caminho. O que eu acho que ele nos coloca é uma questão muito interessante daquilo que nós consideramos humano. Porque, de certa forma, a inteligência artificial aprende conosco, ela é treinada com os textos que nós produzimos. Isso nos coloca em xeque em relação à criatividade e ao pensamento crítico”.
A presença do ChatGPT na educação pode ser exemplificada com a sua capacidade de escrever uma redação exigida pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Almeida coloca que ele consegue realizar isso por conta da existência de um modelo mais definido, o que facilita a interpretação e execução por essa ferramenta. “Ele consegue organizar, mas, ao mesmo tempo, é incapaz de um pensamento crítico. Por isso, ele não vai, por exemplo, substituir os textos de jornalistas, não vai substituir os dos pesquisadores, ele não vai substituir, vamos dizer assim, aqueles textos que têm a ver justamente com a necessidade de um pensamento crítico, da nossa criatividade”, ressalta o professor.
“Quando a gente pede uma redação, um trabalho escrito, o que o professor espera do aluno: que ele reflita, pense e crie ou meramente se adapte a um certo modelo?”, questiona Almeida. Na área pedagógica, a construção e o investimento no pensamento crítico, que, diferentemente das máquinas, são característicos do ser humano, devem ser priorizados.