Por que é um retrocesso pensar em reprovação escolar?

Pesquisas indicam que a reprovação escolar é ineficaz e prejudicial. Entenda caminhos possíveis para esse debate

A Comissão de Educação da Câmara dos Deputados aprovou em julho um projeto de lei que proíbe a promoção automática de alunos do ensino fundamental e médio que não atingirem a média necessária para aprovação. A medida, que inclui exceções apenas para questões de saúde do estudante, busca acabar com o regime de progressão continuada nas escolas, impedindo que a educação básica seja organizada em ciclos maiores do que um ano.

O texto aprovado é um substitutivo do relator, deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), a um projeto original de autoria do deputado Bibo Nunes. Para virar lei, o projeto precisa ser aprovado pela Câmara e pelo Senado. Se for sancionada, as instituições de ensino não poderão mais adotar a prática que permite que alunos avancem de série sem atingir o desempenho escolar mínimo exigido.

Mas faz sentido falar em reprovação? As pesquisas mostram que a prática da reprovação é ineficaz e prejudicial. Elas argumentam que ela não melhora o aprendizado, gera estigma e abandono escolar, além de ser contrária às abordagens de países com melhores índices educacionais.

Reunimos esses pontos no webstory. As fontes estão listadas na sequência.

 

Fontes

Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira): Análises do PISA que mostram que sistemas com mais repetentes têm desempenho geral mais baixo; informações sobre o alto custo da reprovação para os países; e que países como Finlândia, Reino Unido e Coreia do Sul têm índices próximos de zero.

Instituto Unibanco: Estudo sobre a ineficácia pedagógica da reprovação; revisão de pesquisas conduzida por José Rebelo; recomendação de apoio pedagógico adicional; dados sobre a taxa de reprovação do Brasil na edição 2015 do PISA; pesquisas que evidenciam o elo entre repetência e evasão.

Unesco: Pesquisas que evidenciam a forte ligação entre repetência e evasão escolar; estigma de fracasso da repetência, que causa discriminação e isolamento.

Sapo: Impacto da repetência na confiança dos alunos e na disposição para aprender.

Fundação Konrad Adenauer: Pesquisas que mostram que a maioria dos alunos reprovados vem de famílias de baixa renda.

Geledes: Dados sobre a desigualdade racial na reprovação escolar no Brasil: 14% dos alunos negros têm mais de dois anos de atraso escolar, o dobro do percentual de alunos brancos (7%); 43% das crianças autodeclaradas pretas relataram ter passado por algum tipo de fracasso escolar, em comparação com 27% das crianças brancas.

Fonte: https://porvir.org/por-que-e-um-retrocesso-pensar-em-reprovacao-escolar/?utm_source=Porvir&utm_campaign=ae97a1a1e5-Newsletter_230825_Outros&utm_medium=email&utm_term=0_9ba572b4f0-e1db6afeb1-273772202

14 de outubro de 2025
Por que é um retrocesso pensar em reprovação escolar?
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